Foto: Vinicius Machado (Diário)
Local foi ocupado na tarde de terça-feira (15), pelo grupo indígena
O grupo de indígenas da etnia caingangue, que ocupa uma área do centro de pesquisas da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), está sem energia elétrica. De acordo com o advogado Gabriel de Oliveira Soares, essa situação teria iniciado no início da tarde desta quarta-feira (16) e que providências foram tomadas. A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) foi procurada pela reportagem e afirmou que já não havia energia elétrica no local, porque a área não é utilizada há muito tempo.
Enquanto isso, as aulas na Escola Municipal Boca do Monte seguem suspensas até sair a ordem judicial que definirá essa situação, segundo a diretora Carine de Souza.
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A comunidade chegou ao local no fim da manhã de terça-feira (15), em busca de um novo lugar para viver. Após uma tentativa de negociação, os indígenas optaram por ficar no local, e a situação permanece assim até o momento. Além da falta de luz, todos chuveiros teriam sido retirados do local, que possui somente água gelada e que estaria funcionando em baixa pressão. A ação, segundo o advogado, teria sido tomada por responsáveis do local.
– A luz do local foi cortada e os chuveiros foram retirados. Ou seja, tem água, mas não tem água para um banho quente. É uma situação bem complicada que eles se encontram agora. Encaminhamos a situação para o Ministério Público Federal (MPF) e também acionamos a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores.
Ao chegar na área da Fepagro, o grupo descarregou móveis e itens pessoais na grama, a céu aberto. Pela noite, após diálogo com o MPF, foi oferecido um espaço para que o grupo pudesse se abrigar e dormir, que ficaria aos fundos do local.
– Após um diálogo com o Ministério Público Federal, foi liberado um local, uma espécie de galpão, que fica na parte de trás das instalações físicas da fundação, próximo de onde eles estão acampados. Ele é aberto nas laterais e coberto em cima. Com isso, os indígenas removeram parte da mobília que trouxeram para lá – conta o advogado.
Na tarde desta quarta-feira, com o início da chuva, a preocupação era que molhasse o espaço onde as famílias estão. Além disso, há vento e a previsão é que as temperaturas voltem a cair a partir de quinta-feira (17). Por isso, lonas seriam a alternativa para fechar as laterais do galpão.
Número de pessoas
Ainda no momento da ocupação, na terça-feira, a informação divulgada pela Brigada Militar era que o grupo seria composto por 30 indígenas. Na manhã desta quarta, o advogado Gabriel de Oliveira corrigiu a informação, afirmando que o MPF, após visita à ocupação e contagem do grupo, contabilizou 19 pessoas, de diversos pontos do Estado, principalmente de cidades que foram afetadas pelas enchentes de 2024, como Iraí, Passo Fundo e Tenente Portela.
Por se tratar de uma área estadual, a Brigada Militar segue com o patrulhamento no local.

Seapi se pronuncia
Em retorno à reportagem, a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) informou que "nada foi desligado ou cortado. Não há luz no local há muitos anos, assim como não tem chuveiros no espaço físico próximo de onde o grupo indígena se encontra. Além disso, a água que chega no local é de poço e por isso pode apresentar instabilidade."
Grupo indígena quer permanecer na área por considerar o local seguro e adequado, diz advogado
Em entrevista ao programa Bom dia, Cidade!, na Rádio CDN 93.5 FM, na manhã desta quarta-feira, o representante do grupo indígena que ocupa a área do centro de pesquisas da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), o advogado Gabriel de Oliveira Soares, afirma que a comunidade pretende permanecer na área, localizada no distrito de Boca do Monte, em Santa Maria. Segundo ele, o local oferece condições adequadas tanto para a subsistência quanto para práticas culturais e de preservação ambiental do grupo.
Parte do grupo vivia, até recentemente, no Bairro Chácara das Flores, em Santa Maria. Todos possuem relações de parentesco. Segundo ele, boa parte dos integrantes comercializa artesanato no centro de Santa Maria e em outras localidades.
Soares também pontuou que, até o momento, não há qualquer decisão judicial que determine a retirada do grupo da área, e ainda disse que, embora o grupo queira permanecer na área da Fepagro, há abertura para diálogo, desde que novas propostas respeitem as necessidades da comunidade.
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